Suspeito de matar ex é espancado por vizinhos no DF
Vídeo mostra Francisco Dias Borges, acusado de assassinar Necivânia Eugênio Caldas, apanhando de moradores no meio da rua
Vizinhos registraram o momento em que populares tentaram linchar o ex-companheiro de Necivânia Eugênio de Caldas, 37 anos. Segundo a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), Francisco Dias Borges é suspeito de matar a ex-mulher a facadas. O crime ocorreu na QR 217 de Santa Maria, na tarde desta quinta-feira (14/11/2019).
As imagens são fortes e mostram um grupo revoltado pisoteando e chutando a cabeça do homem. Na gravação (veja abaixo), também é possível observar Necivânia caída no chão, ainda de capacete. Ela conduzia a sua moto, uma Honda Bis, com o filho de 8 anos, no momento em que foi abordada por Francisco. Ele a derrubou do veículo e a esfaqueou no peito, embaixo do braço esquerdo e do direito.
O acusado utilizou uma arma branca, ainda de acordo com a PM. O suspeito, segundo testemunhas e familiares, sempre batia nela.
O irmão da vítima, Adailton Eugênio de Caldas, também foi ferido ao tentar impedir o crime. Ele foi socorrido pelos bombeiros e levado ao Hospital de Santa Maria. De acordo com a família, o homem tinha ameaçado a ex na semana passada. O filho viu o momento em que a mãe foi assassinada a facadas e saiu gritando por socorro. “Corre, tia, corre! Francisco está matando a minha mãe”, disse.
O preso estaria esperando a vítima na quadra, ainda conforme o relato de testemunhas. Necivânia tinha ido cortar o cabelo do menino e voltava para casa, quando foi atacada. O filho de 8 anos da vítima não foi o único a presenciar a morte da manicure. O pai dela, Manuel Eugênio, também estava presente quando Francisco a atacou, no 29º caso de feminicídio no Distrito Federal neste ano.
“Não faz isso com ela! Não faz isso com ela!”, gritou Manuel, enquanto a filha era esfaqueada pelo ex-companheiro, preso em flagrante. Segundo amigos da família, o pai fez um desabafo emocionado em casa.
“Francisco acabou com tudo! Perdi o chão. Ele tirou a minha menina. Ele acabou com tudo!”, lamentou. Necivânia era o pilar da família, disseram amigos e parentes. Além de estudar, cuidava dos filhos, de outros familiares e mantinha as contas em dia. Ela fazia enfermagem e, de acordo com amigos, começaria a trabalhar no Hospital Regional de Santa Maria em breve.
Batalhadora
Amiga de infância da estudante e manicure, a microempreendedora Amanda Guedes de Sousa, 25 anos, contou que Vânia, como era conhecida, se destacava como uma mulher batalhadora e dedicada à família. Segundo a colega, vivia um belo momento, depois da separação de Francisco.
Alegre, Vania gostava de beber uma cerveja gelada com as amigas nos momentos de descontração. “Sem excessos”, lembra Amanda. E sempre ao som de música sertaneja, o estilo favorito da vítima. Vânia tinha quatro filhos: uma menina de 5 anos – a única com Francisco – e três meninos, de 8, 17 e 19 anos.
Covardia
A cada 10 dias, uma mulher é vítima de feminicídio no Distrito Federal. A maioria dos algozes têm histórico criminoso, são presos e, quando são soltos, matam as vítimas. De 1º de janeiro a 7 de novembro, foram registrados 28 casos, número equivalente a todo o ano passado. Entre eles, 67,8% dos autores já tinham passagens por delegacias, segundo dados inéditos da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) obtidos pelo Metrópoles. Sete já haviam sido detidos pela Lei Maria da Penha e 12, por outros delitos.
Ainda de acordo com o último levantamento feito pela PCDF, dos 28 assassinatos, os responsáveis foram indiciados em 23 ocorrências. Duas investigações seguem sem conclusão, e três homens tiraram a própria vida após o crime. O índice de 93% dos inquéritos finalizados se deve, em boa parte, ao protocolo especial aberto pela polícia.
Fonte: Metrópoles