Esportes

O que está por trás da luta pelo poder na CBF

Bastidores envolvem dirigentes banidos e gigantes do universo jurídico brasileiro

O destino do futebol brasileiro está nas mãos do Supremo Tribunal Federal (STF).

Adiado mais uma vez, nesta quarta-feira (9), após pedido de vista do ministro Flávio Dino, o julgamento da liminar que mantém no poder o atual presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ednaldo Rodrigues, é a parte visível da luta pelo poder nos bastidores do esporte, do judiciário e da política.

Os jogadores envolvidos nessa disputa são ex-presidentes da CBF afastados por corrupção, e figurões do mundo jurídico do Rio de Janeiro e de Brasília.

Como Ednaldo foi eleito na CBF?

Ednaldo Rodrigues foi eleito presidente da CBF em 2022, após um imbróglio jurídico que começou em 2017, envolvendo o Ministério Público do Rio de Janeiro, que contestava as regras da eleição para a presidência da CBF.

Foi assinado um acordo extrajudicial entre CBF e MP do Rio, chamado de Termo de Ajustamento de Conduta (TAC).

Após uma ação de Gustavo Feijó, que foi vice-presidente da CBF na gestão de Rogério Caboclo, o Tribunal de Justiça do Rio cancelou o TAC, afastou Rodrigues do cargo e nomeou um interventor para a CBF, no início de dezembro de 2023.

Em janeiro de 2024, o ministro Gilmar Mendes, do STF, em decisão liminar, suspendeu a decisão do Tribunal de Justiça do Rio e reconduziu Ednaldo Rodrigues ao cargo. Desde então, o julgamento da decisão liminar foi adiado sete vezes no STF.

Ex-presidentes da CBF seguem com influência

Nos bastidores da luta pelo poder no futebol brasileiro estão nomes conhecidos do universo dos cartolas, como Ricardo Teixeira e Marco Polo Del Nero. Teixeira foi afastado por corrupção e Del Nero cumpre suspensão de 20 anos do futebol pela FIFA pelo mesmo motivo.

Até as paredes da suntuosa sede da CBF na Barra da Tijuca sabem que ambos ainda têm bastante influência na entidade.

A decisão liminar de Gilmar Mendes foi tomada em virtude da possibilidade de o futebol brasileiro ficar de fora do Torneio Pré-Olímpico de Futebol, classificatório para os Jogos de Paris. A alegação era de que o interesse público gerado pelo futebol justificava a intervenção do Ministério Público.

Influência dos Zveiter

A movimentação das peças nesse tabuleiro jurídico envolve uma das famílias mais influentes dos tribunais do Rio de Janeiro: os Zveiter. Com Ednaldo Rodrigues afastado, o interventor tinha um prazo para marcar novas eleições, e Flávio Zveiter era um dos candidatos.

Ex-presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva, Flávio é filho de Luiz Zveiter, também ex-presidente do STJD. Em 2005, Zveiter foi afastado da presidência do STJD porque acumulava a função de desembargador no Rio de Janeiro. No meio jurídico, os Zveiter são tidos como apoiadores de Ricardo Teixeira na CBF.

Quem assume caso Ednaldo saia da CBF?

Caso a liminar que mantém Ednaldo na presidência da CBF seja derrubada, quem assume o cargo é o atual presidente do STJD, Luís Otávio Teixeira Veríssimo.

Ele foi eleito em julho para um mandato de quatro anos, pouco após ser indicado para a corte esportiva por Gilmar Mendes, e tem o apoio da Federação Nacional dos Atletas Profissionais (veja nota abaixo).

Fontes deste blog ligadas ao direito desportivo demonstram preocupação com o cenário. Entendem que há risco de uma espécie de intervenção branca da Justiça Comum na esfera esportiva, o que ameaçaria a independência jurídica do futebol brasileiro.

Do outro lado da trincheira, os que defendem a intervenção de Mendes argumentam que a influência nos bastidores da dupla Ricardo Teixeira e Marco Polo Del Nero é nefasta para a imagem do futebol nacional.

Fonte: CNN


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