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Macron pede que primeiro-ministro francês permaneça no cargo ‘por enquanto’

O presidente francês, Emmanuel Macron, pediu ao primeiro-ministro Gabriel Attal que permaneça no cargo “por enquanto” para “garantir a estabilidade do país”.

Nesta segunda-feira, 8, Attal apresentou a renúncia dele ao presidente após a vitória da oposição de esquerda nas eleições legislativas antecipadas.

A menos de três semanas do início dos Jogos Olímpicos de Paris, o chefe do governo de centro-direita destacou, no entanto, que continuará no cargo “enquanto o dever assim exigir”, especialmente porque nenhum bloco político conseguiu a maioria absoluta.

A coalizão de esquerda Nova Frente Popular (NFP) conseguiu quase 180 cadeiras na Assembleia Nacional, seguida pela aliança centro-direita Juntos (quase 160), de Macron, e do partido de ultradireita Reagrupamento Nacional (RN) e seus aliados (mais de 140).

Os líderes da NFP já anunciaram que estão prontos para “governar”. “Vamos governar, a esperança gerada pela coalizão de esquerda não pode ser fraudada”, afirmou a líder ecologista Marine Tondelier.

Emmanuel Macron deve “sair ou nomear um primeiro-ministro” da Nova Frente Popular, declarou Jean-Luc Mélenchon, o veterano líder do partido A França Insubmissa (LFI, esquerda radical), a principal legenda da coalizão.

O líder do Partido Socialista, Olivier Faure, disse que é necessário “apresentar um candidato” ao cargo de primeiro-ministro “ao longo da semana”, um nome que será escolhido por “consenso ou por votação”.

Mas para governar será necessária uma maioria e, dentro desta coalizão que vai de social-democratas a anticapitalistas, os integrantes discordam sobre a atitude que deve ser adotada para possíveis alianças parlamentares.

O líder do partido LFI cristaliza parte das tensões. Diante da rejeição do nome de Mélenchon como um possível candidato a primeiro-ministro, a deputada Mathilde Panot destacou nesta segunda-feira que ele “não está em absoluto desqualificado”.

“Teremos de nos comportar como adultos”, disse Raphaël Glucksmann, símbolo da ala social-democrata da NFP, para quem “dialogar é uma mudança de cultura política” em uma França pouco habituada ao parlamentarismo.

O partido de direita Os Republicanos (LR), que conseguiu manter quase 60 deputados na Assembleia depois que parte da legenda estabeleceu um acordo com a extrema direita, já anunciou que “não haverá coalizão nem compromisso” da sua parte.

Escolha do novo primeiro-ministro

Macron já anunciou que vai esperar para ver como ficará estruturada a Assembleia Nacional, que iniciará a legislatura em 18 de julho, para decidir quem nomeará como primeiro-ministro, segundo a presidência.

As regras constitucionais também não obrigam Macron a aceitar um primeiro-ministro da NFP e em teoria ele até poderia tentar manter Attal. Mas, tradicionalmente, o presidente costuma aceitar um nome oferecido pela maior bancada, já que o nome depende de aprovação da Assembleia Nacional.

Uma última alternativa, cogitada por analistas, seria o presidente indicar um “governo de especialistas”, sem filiação partidária, que poderia tocar o dia a dia da Assembleia até a convocação de nova eleição. Nesse período, seria certo que nenhuma grande reforma seria aprovada.

Isolada e derrotada graças à “frente republicana” que a esquerda e a aliança governista estabeleceram no segundo turno das legislativas, a extrema direita pode virar a principal força de oposição durante a próxima legislatura.

“A maré está subindo. Desta vez não subiu o suficiente, mas continua subindo e, consequentemente, nossa vitória apenas foi adiada”, declarou a líder da extrema direita Marine Le Pen, que espera conquistar a presidência da França em 2027.

IstoÉ/Com informações da AFP e Deutsche Welle


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