Câncer silencioso da corrupção: clínicas privadas teriam desviado milhões em Teresina, aponta auditoria da FMS
Documentos da auditoria que apontam desvios milionários na saúde pública de Teresina será entregue ao MPF. Polícia Federal deve ser acionada para investigar.
Por: Fábio Sérvio/Diário do Povo
Teresina – Uma auditoria da FMS silenciosa conduzida pela atual gestão da prefeitura de Teresina revelou um esquema alarmante de desvios de recursos federais no setor de saúde pública. A investigação, realizada sob a administração do prefeito Dr. Pessoa, liderada pelo presidente da Fundação Municipal de Saúde (FMS), Ítalo Costa, e auditores do município deslocados para a Fundação identificou fraudes que comprometem a prestação de serviços essenciais e afetam diretamente o atendimento à população.
O prefeito eleito Silvio Mendes, cuja equipe de transição teve acesso às informações, descreveu as descobertas como “terríveis”, e afirmou que as práticas irregulares prejudicaram o acesso da população a medicamentos, consultas e exames fundamentais.
Com posse prevista para 1º de janeiro, Mendes expressou preocupação com os impactos desses desvios na qualidade da saúde pública em Teresina. “Quando está faltando praticamente tudo, é preciso que se tenha responsabilidade,” declarou, sinalizando que uma de suas prioridades será garantir que esses recursos sejam aplicados de forma ética e em benefício direto da população.
Falhas de controle e indícios de fraude
A auditoria da FMS identificou invasões digitais no sistema da FMS, o que teria facilitado pagamentos irregulares a diversas clínicas de saúde. Esses pagamentos foram processados sem a devida supervisão, indicando falhas graves nos mecanismos de controle. De acordo com Ítalo Costa, a apuração até agora aponta para um esquema generalizado de corrupção, que desviou recursos que deveriam ter sido aplicados em atendimento básico de saúde.
“É desvio de dinheiro mesmo da saúde, caso para Polícia Federal”, afirmou uma fonte, citando os resultados preliminares da auditoria que teriam apontado o esquema de frauda envolvendo diversas clínicas que atendem pacientes pelo SUS em Teresina.
Dimensão dos desvios e consequências para a saúde pública
Fontes próximas à auditoria relatam que o valor dos desvios pode chegar a um bilhão de reais. Esse montante impressionante revela a magnitude das fraudes e a seriedade do impacto na saúde pública de Teresina.
O próximo prefeito, Silvio Mendes, destacou que a escassez de medicamentos, a falta de insumos básicos e as dificuldades para realizar exames e consultas refletem o prejuízo que esses desvios causaram para a população.
“Trata-se de um direito básico de garantir o remédio, de garantir a vaga, de garantir o exame, de garantir a consulta,” afirmou Mendes, enfatizando a importância de um sistema de saúde que seja administrado de forma ética e transparente.
A precariedade de insumos e medicamentos, agravada pelos desvios de verbas, impactou diretamente os usuários do sistema público, que enfrentam longas filas e escassez de recursos nas unidades de saúde. Essa situação não só compromete a saúde dos moradores, mas também amplia os custos para a administração, que precisa investir ainda mais para corrigir essas falhas e suprir a demanda reprimida.
Entrada do Ministério Público Federal no caso
Conforme informou Ítalo Costa, a auditoria está sendo realizada com supervisão cuidadosa e todos os passos estão sendo documentados. Costa garantiu que a auditoria será integralmente compartilhada com o Ministério Público Federal (MPF), com o objetivo de assegurar a transparência e permitir que as autoridades acompanhem o processo. Até agora, relatórios parciais foram enviados ao MPF, e um segundo relatório deve ser entregue esta semana com novas informações sobre as irregularidades detectadas. “Desde o início, nosso foco foi reestruturar a FMS, visando reduzir despesas e recuperar receitas,” afirmou Costa.
Como os recursos desviados são de origem federal, o MPF poderá solicitar uma investigação da Polícia Federal, o que pode resultar em desdobramentos criminais para os envolvidos. Esse acompanhamento próximo pelas autoridades federais reflete a gravidade do caso e o compromisso da administração atual em garantir que todos os fatos sejam apurados.
“Ainda não sabemos quando exatamente começou”, afirma presidente da FMS
A auditoria, que inicialmente analisou os últimos três anos, será ampliada para investigar um período ainda maior, com o objetivo de identificar a origem e a continuidade das práticas fraudulentas. Costa observou que “ainda não sabemos de quando exatamente começou,” sugerindo que a análise aprofundada ajudará a mapear a duração dos desvios e o impacto acumulado deles na saúde pública de Teresina.
A equipe de transição de Silvio Mendes, ao tomar conhecimento desses dados, já articula ações para implementar um novo modelo de gestão que previna a ocorrência de práticas semelhantes. A recuperação de receitas e a contenção de despesas serão prioridades para a nova gestão, com foco em controlar a evasão de verbas e otimizar o uso dos recursos municipais.
O impacto dos desvios
Além do impacto financeiro, os desvios de verba afetam profundamente a confiança da população no sistema público de saúde. A falta de medicamentos, a demora para acessar consultas e exames, e as filas nas unidades de saúde geram um sentimento de desamparo entre os cidadãos, que dependem do atendimento público para garantir sua saúde. Mendes afirmou que um de seus principais desafios será restaurar essa confiança e assegurar à população que os recursos públicos serão aplicados de forma transparente e responsável.
“A falta de medicamentos e serviços essenciais é um atentado contra o direito básico à saúde”, declarou Silvio, destacando a necessidade de implementar um sistema que realmente funcione em prol da população e que seja pautado pela responsabilidade social e pela transparência.
Expectativas para a nova gestão
Com a posse marcada para 1º de janeiro, Silvio Mendes e sua equipe de transição já planejam as primeiras ações de combate à corrupção e de reforma no setor de saúde. Mendes destacou que a transparência e a responsabilidade social serão prioridades em sua gestão.
Ele enfatizou que todos os resultados da auditoria devem divulgados pela gestão para que a população possa acompanhar como os recursos públicos estão sendo aplicados. “Vamos mostrar onde o dinheiro da saúde está sendo aplicado e garantir que ele chegue onde deve chegar”, afirmou.
A expectativa da população, diante dos desdobramentos da auditoria, é que traga mudanças efetivas para a saúde pública, estabelecendo um sistema ético e eficiente que sirva verdadeiramente aos cidadãos. Essa tarefa exigirá esforços contínuos para reconstruir a credibilidade das instituições e assegurar que as práticas do passado não se repitam.
As revelações da auditoria podem ser o primeiro passo para explicar a crise na saúde pública da capital e o caminho inicial para corrigir os problemas estruturais e de gestão que afetam a população de Teresina.
A determinação da auditoria pelo prefeito Dr. Pessoa, a descoberta das supostas fraudes, o suporte do Ministério Público Federal e o comprometimento da futura administração pode, de uma vez por todas, realinhar o questão da saúde apontando para uma gestão responsável, que priorize a aplicação dos recursos em benefício direto dos cidadãos.
Se confirmado o volume de recursos supostamente desviados, fica claro que ocombate às práticas irregulares será essencial para que Teresina alcance um modelo de gestão que coloque o interesse público acima de qualquer outro.
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