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Arcebispo de Belém é acusado de abuso sexual por ex-seminaristas

Suposto abuso sexual é investigado pela Polícia Civil a pedido do MP-PA; Vaticano também estaria apurando caso.

Quatro ex-seminaristas acusam Dom Alberto Taveira Corrêa, arcebispo de Belém (PA), de usar seu poder para investidas sexuais não consentidas durante encontros privados. O suposto abuso sexual é alvo de inquérito aberto pela Polícia Civil a pedido do MP-PA (Ministério Público do Pará) e também é investigado pelo Vaticano.

Segundo relatos feitos pelas supostas vítimas ao “Fantástico”, da TV Globo, a casa onde vive Dom Alberto é o lugar onde eles passaram seus piores dias. O arcebispo costumava convidar os seminaristas para visitá-lo — e os jovens, impressionados, se sentiam privilegiados pela oportunidade. Mas foi ali que os abusos teriam acontecido.

“Ele dizia: ‘Quero conversar contigo tal dia, lá em casa’, lembra um ex-seminarista. “Parecia algo inalcançável. ‘Nossa! Eu fui chamado para ir à casa do arcebispo’. Você se sente importante naquele momento”, conta outro.

A pedido das vítimas, que temem sofrer represálias, seus nomes e rostos foram preservados pela reportagem. Assim como o “Fantástico”, o UOL usará letras — que nada têm a ver com as iniciais de cada um — para identificar os ex-seminaristas.

As histórias dos quatro jovens são muito parecidas: eles tinham de 15 a 18 anos quando teriam sofrido os abusos — moral e sexual —, entre 2010 e 2014. Parte dessas acusações já havia sido publicada pelo jornal El País em dezembro.

“Era sempre sobre sexualidade”, diz “Z” sobre os encontros no quarto de Dom Alberto. “O primeiro ponto que ele sempre tocava era sobre a masturbação. Era sobre toque, se eu sentia desejo, por quem que eu sentia desejo”.

Os ex-seminaristas dizem que também encontravam o arcebispo na capela, onde a conversa costumava ser sobre vocação religiosa, e na sala, onde o assunto era focado na família e nos estudos.

“Quando ele me tocou, na minha parte íntima, disse que aquilo ali era normal, coisa do homem. Mas, assim, eu não via maldade, porque confiei muito, por ele ser uma autoridade, também não tinha experiência. Mas aquilo foi se tornando já permanente e já mais agressivo. Ele já me recebia na porta e já ia logo pegando”.

Com “S”, os abusos teriam começado assim que o ex-seminarista conheceu Dom Alberto, em 2010, na Cúria Metropolitana, onde ficava o escritório do arcebispo. Além do assédio sexual, ele relata ter sido vítima de assédio moral.

“Quando eu comecei a falar que eu queria sair do seminário por isso, isso e isso, comecei a chorar. Ele mudou o humor repentinamente. Bateu na mesa, me xingou de ‘viado’, disse que chorar era coisa de ‘viado’, que eu tinha que ser homem, que eu tinha que ser forte. E isso tudo gritando, assim, de maneira que até chegou a me assustar”, contou à reportagem.

Neste mesmo dia, lembrou, Dom Alberto o abraçou e apalpou seus órgãos genitais, além de ter lhe dado um beijo perto da boca. “Disse que gostava muito de mim, que queria me ver ordenado padre”, completou.

Outra situação que se repetia, segundo os jovens, eram as conversas sobre uma suposta cura para a homossexualidade. Os ex-seminaristas relatam que o arcebispo lhes entregou um livro em que são descritos procedimentos para o que ele chamava de “tratamento”.

“Você lia o livro e dizia assim, que ser homossexual é uma doença, que a gente precisava ser tratado e ajudado”, disse “V”.

 

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