Para PF, delator da Odebrecht ocultou informações e beneficiou Ciro Nogueira
Segundo a PF, Claudio Melo Filho omitiu 12 repasses que somam R$ 6 milhões; defesa do delator ainda não se manifestou
A edição do Jornal Nacional desta segunda-feira (11) trouxe novas informações sobre as investigações no âmbito da Lava Jato, envolvendo o nome do senador Ciro Nogueira. Desta vez, diz a reportagem de Camila Bonfim, a Polícia Federal apontou que um ex-executivo da Odebrecht ocultou informações na delação premiada para beneficiar o presidente do Progressistas.
As informações estão em um relatório sobre a investigação de pagamentos de propina relatados na delação de ex-executivos da Odebrecht. No documento, diz o JN, a PF afirmou que os repasses a Ciro foram feitos através da Transnacional, empresa que era usada por doleiros a serviço de empresas alvos da Lava Jato, entre elas a Odebrecht, para o transporte de propina.
“No documento, enviado ao ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), a PF detalha os pagamentos ao senador para que ele atuasse para aprovar projetos de interesse da Odebrecht no Senado. E registra o endereço de entrega que consta dos sistemas dos doleiros e da Transportadora”, diz a reportagem.
O relatório do delegado Albert Sérvio de Moura, exibido na edição de hoje, diz que neste imóvel “residia no ano de 2014 o filho do sr. Lourival Ferreria Nery Júnior, assessor de Ciro Nogueira, cujo nome também figura nas sucessivas planilhas da Odebrecht”. Diz ainda que R$ 6 milhões destinados a parlamentares foram repassados diretamente a Ciro, por Claudio Mello Filho, que nas planilhas era identificado como “Piqui”.
“Tal fato – a destinação de valores a Ciro Nogueira à revelia de Marcelo Odebrecht – explica a absoluta omissão de Claudio Mello Filho no que se refere aos 12 pagamentos do ‘programa piqui'”, diz o documento. Ao STF, a PF pediu a realização de uma acareação entre Claudio Mello Filho, Marcelo Odebrecht e Carlos Fadigas, com a intenção de saber sobre os pagamentos ao senador e a suspeita de omissão. Quem decidirá sobre o pedido será o ministro Fachin.
Saiba as versões dos citados na reportagem:
Em nota, a assessoria de Ciro Nogueira enviou a seguinte nota: “O senador Ciro Nogueira confia na apuração da Justiça e acredita que as investigações irão, mais uma vez, comprovar a sua inocência.”
Procurada, a defesa de Carlos Fadigas informou que não iria se manifestar.
O Jornal Nacional procurou as defesas de Marcelo Odebrecht, Cláudio Melo Filho e Odebrecht, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.
O Jornal Nacional informou não localizou a defesa da Transnacional.
Com informações da TV Globo